segunda-feira, 11 de julho de 2011

POVOS INDÍGENAS - KAIAPÓ: OU KAYAPÓ, OU CAIAPÓ

1. SOBRE OS KAIAPÓS

            O termo Kaiapó foi lançado por grupos vizinhos a esse povo, tendo como significado "aqueles que se assemelham aos macacos", pois os homens realizavam um ritual no qual ficavam paramentados com máscaras de macaco e realizavam danças curtas. Porém ao referirem a si próprios, preferem ser chamados de mebêngôkre, "os homens do buraco/lugar d'água".
            Em relação à língua, são pertencentes à família linguística Jê, do tronco Jê.


                                                Fonte: http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/linguas/troncos-e-familias
           
            Valorizam a oratória, sendo que se definem como aqueles que falam bem/bonito, ou na língua kaiapó “Kaben mei”. Em algumas ocasiões, como cerimoniais, falam como se estivessem tomando um golpe na barriga, assim diferenciando essa fala da fala comum.
            São constituídos de duas grandes divisões: os caiapós meridionais, ou do sul e os caiapós setentrionais, ou do norte.
            Os primeiros formavam numerosos grupos, hoje extintos, que habitavam o sul de Goiás e de Mato Grosso, o noroeste de São Paulo e o sudoeste de Minas.

2. LOCALIZAÇÃO
           
            Localizam-se sobre o Planalto Central, mais precisamente nos estados de Mato Grosso e do Pará. Com essa localização, enfrentam duas estações: as estações secas (inverno), que vai de maio a outubro e chuvosas (verão), de novembro a abril. A estação seca apresenta como característica dias quentes e ventosos e noites agradáveis, sendo classificada pelos kaiapós como “tempo bom”. Em contrapartida a estação chuvosa se caracteriza por chuvas torrenciais e pela presença de mosquitos, chamando-se assim de “tempo da chuva”.


3. POPULAÇÃO

            Uma estimativa do ano de 2000 indica uma população total de aproximadamente 6300 pessoas, porém ocorrem algumas divergências em relação ao valor total, pois ocorre um aumento constante de sua população.
Uma aldeia indígena costuma variar entre 30 e 80 pessoas, entre os Kayapó, esse número flutua entre 200 e 500 habitantes.


4. ORGANIZAÇÃO SOCIAL

            As casas das aldeias são construídas em formato de círculo, tendo em torno uma praça descampada. No meio dessas aldeias, há a casa dos homens, uma associação onde os mesmos se reúnem para discutir. Lá ocorrem também os rituais. Esse tipo de formação ocorre em todas as aldeias pertencentes ao tronco Jê.
            Nas casas habitam famílias inteiras, advindas dos casamentos realizados, pois as mulheres ao casarem-se trazem seus maridos a morar em suas casas. Assim, quando a residência bate o patamar de algo em torno de 40 pessoasl, inicia-se um processo de construção de casas contíguas à primeira, ou seja, aquilo que costumamos chamar na língua “dos brancos” de “puxadinho”.



5. PINTURAS CORPORAIS  

            A pintura possui função essencialmente social e mágico-religiosa. Para poder receber a pintura corporal com desenhos e motivos decorativos, a pessoa precisa estar com saúde e com a pele limpa. A pintura dos adultos difere da infantil. Crianças pequenas, de ambos os sexos, recebem a mesma pintura corporal.

6. NOMINAÇÃO

  Os Kayapó distinguem doze rituais de nominação. Distinguem duas categori
rias de nomes de pessoas: os nomes "comuns", que podem ser originados de alguma parte do corpo o u a uma experiência pessoal  e os "belos" ou "grandes“, que apresentam um prefixo cerimonial e um sufixo simples.
              São "honradas" entre duas e cinco crianças, denominadas mereremex = "aqueles que estendem sua beleza");


7. ECONOMIA

               Agricultura itinerante praticada por homens, mulheres e meninos. Usam o método de desbravar e queimar (queimada).
               Semeiam batata, cará, mandioca, algodão, milho e, ao lado das árvores, plantam cupá, uma videira com gavinhas comestíveis.
               Alguns grupos introduziram em suas hortas arroz, feijão, mamão e tabaco. Usam fertilizantes e pesticidas.


8. EDUCAÇÃO

Quanto à maneira dos índios Kaiapós educarem as crianças da tribo, não encontramos material para o embasamento, apenas descobrimos que a educação se faz por todos os habitantes da aldeia que repassam as tarefas que garantem a sobrevivência do grupo a cada nova geração desde cedo, tornando as crianças independentes.
U L K – Universidade Limpa Kaiapó: o resgate dos primeiros brasileiros
Em 2009, Paulinho Paiakan juntamente com os líderes indígenas da Nação Kaiapó e o colaborador Prof. Saraiva Rodrigues, elaboraram um projeto de uma Universidade para entregar ao Presidente da Funai. Na carta (que pode ser acessada no blog: http://universidadelimpa.blogspot.com), os Kaiapós encaminham algumas resoluções e exigências:

1 – As Comunidades Unidas Kaiapó, a partir do Fórum Social Mundial, começaram a entender a importância da preservação das suas terras, demarcadas recentemente;

2 – que, essas lideranças reunidas definiram que Paulinho Paiakan seria o representante junto aos órgãos estaduais, federais e a Comunidade Internacional, para cuidar dos seus interesses;

3 – que, diante dessa perspectiva todos compreenderam que um CENTRO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO deveria ser implantado nas terras, para proteger os direitos da Nação Kaiapó, inclusive o patrimônio cultural;

4 – que, a partir dessa decisão resolveram expor ao mundo esse projeto e que a FUNAI, enquanto governo do Brasil, é o órgão capiteneador da causa indígena;

5 – que as Comunidades Indígenas entenderam que não mais devem ser aculturados, pela cultura dos brancos, pois isso trouxe contaminação cultural, étnica, moral e social, conduzindo o povo Kaiapó aos mesmos erros cometidos no passado com todas as nações tupiniquins e, em acontecendo, os Kaiapó estarão condenados ao extermínio, no máximo, em duas ou três gerações;

PELO EXPOSTO REQUER
Que Vossa Excelência interceda junto a Presidência da República para que Excelentíssimo Senhor Presidente Luis Inácio Lula da Silva, através do Ministério da Justiça e Ministério do Meio Ambiente, avalise essa causa e conceda a este representante passaporte legal para divulgar este projeto e, com isso, possa obter apoio da Comunidade Internacional e reverter o processo de extinção dos índios brasileiros, a partir da Nação Kaiapó. É um apelo que faz um povo em adiantado processo de decadência cultural e moral.



            Visando garantir a sobrevivência e continuidade das tribos kaiapós e de todas à natureza o projeto da Universidade Limpa seria um patrimônio mundial para a humanidade em que todos os seres humanos poderiam ter aos conhecimentos que os Kaiapós possuem para contribuir com equilíbrio do planeta. Na Universidade Limpa “não haverá nenhuma distinção de qualquer pessoa pelo seu credo, raça, cor, sexo, todos serão iguais e poderão cursá-la sem ter um currículo para ser obedecido.” Outro ponto interessante é que não haveria valor a ser pago pelo ensino, pois acreditam que “A natureza se encarregará de dar a cada um, segundo sua necessidade.”  
As áreas contempladas pela Universidade Limpa seriam:
* Estudos e Pesquisas Biomédicas
* Estudos e Pesquisas Zoobotânicas
* Manutenção e Tecnologia
* Tecnologia de Alimentos
* Administração e Habitação.

Apesar dos benefícios que este projeto se propõe a trazer para a comunidade Kaiapó e para os brancos também, não encontramos a resposta do Presidente da FUNAI, nem mesmo se haveria uma previsão de ter alguma Universidade Kaiapó no Brasil.
Projeto da
 Universidade
Limpa


 9. LIDERANÇAS


 “O chefe Kaiapó, Paiakan representa, atualmente, a luta pelo meio ambiente, ecologia e pela convivência na diversidade e o direito à vida. Em suas andanças pelo mundo, sempre foi a figura destemida quando falava, firme e sem receios, sobre a difícil tarefa da preservação, manutenção e ampliação dos direitos dos povos indígenas”.


10. BELO MONTE E OS INDIOS KAIAPÓ

Meu povo está brigando contra Belo Monte porque não quer a usina. Quero sentar e conversar antes que tenha guerra e problema que vai acontecer depois vai [deixar] nome do governo sujo"
Cacique Akiaboro, líder caiapó

               A usina destruirá 400.000 acres de floresta tropical Amazônica - um desastre para animais, plantas, e pessoas.
             40% dos requisitos em saúde, educação, saneamento e proteção às terras indígenas não estão sendo garantido pelo consórcio Norte Energia S.A. (NESA);
            Nós devemos impedir Belo Monte agora, antes que o povo kaiapó tome medidas desesperadas e arrisque suas vidas por causa da usina de Belo Monte.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Mito e Vida dos índios Caiapós - Anton Lukesh; Editora da Universidade de São Paulo; pp. 9-11  

http://www.klickeducacao.com.br/enciclo/encicloverb/0,5977,por-4719,00.html, consulta em 19/06/2011

http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kayapo, consulta em 19/06/2011
                  http://pib.socioambiental.org/files/file/PIB_verbetes/xirkin/A_pintura_corporal_xikrin.pdf, consulta em 19/06/2011

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/06/lider-caiapo-diz-que-havera-guerra-se-governo-insistir-em-fazer-belo-monte.html, consulta em 19/06/2011

(Trabalho de Alessandra Lanius e Greice Hochmuller da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)

quinta-feira, 7 de julho de 2011

POVOS INDÍGENAS - Xavante

O presente trabalho tem o intuito de descrever costumes e tradições de um determinado povo indígena. No caso deste grupo o Povo Xavante, foi estudado com o objetivo de tornar conhecida a história, crenças e outros aspectos da cultura. Levando assim informação a todas as pessoas que querem ter conhecimento sobre este povo indígena, respeitando sua singularidade e sua presença na sociedade como pessoas de direitos semelhantes e iguais aos nossos.
Compreender o significado do ser índio não é uma coisa fácil, mas não é difícil, basta ter um pouco de curiosidade, vontade em conhecer o outro e uma oportunidade.
Na segunda metade do século XVIII, vários grupos, incluindo alguns identificados como “xavante”, estiveram assentados em aldeamentos patrocinados pelo governo, onde sofreram os efeitos devastadores de doenças epidêmicas. Após, no início do século XIV, os Xavante cruzaram o rio Araguaia, o que os separou definitivamente dos Xerente. Velhos Xavante contam várias versões dramáticas desta separação. Após esta separação, os Xavante instalaram-se na região da Serra do Roncador, onde atualmente localiza-se o Mato Grosso.
            A população Xavante atual é de cerca de 10 mil pessoas abrigadas em diversas Terras Indígenas do seu antigo território de ocupação, há pelo menos 180 anos. Localizam-se no leste do Mato Grosso, nas reservas indígenas de Marechal Rondom, Maraiwatsede, São Marcos, Pimentel Barbosa, Areões e Sangradouro/Volta Grande. Suas terras, porém, são geograficamente descontínuas.
            Localizadas em meio a um conjunto de bacias hidrográficas responsáveis pela rica biodiversidade regional e, portanto, base do modo de vida tradicional indígena, essa região vem sofrendo impactos ambientais desde 1960, devido a seu ingresso na agropecuária extensiva, pela produção de grãos para a exportação, em especial a soja. Suas comunidades são politicamente autônomas, embora às vezes se unam para atingir objetivos comuns.
             A primeira iniciativa de educação escolar aconteceu em Sangradouro 1, uma aldeia Xavante localizada a leste do Estado de Mato Grosso, no início dos anos 1957, logo nos primeiros dias da chegada dos Xavantes, formando uma primeira classe, composta por aproximadamente vinte e cinco filhos de fazendeiros e oito Xavantes.
            Foi um grande impacto, tanto para o professor como para os alunos. O maior problema era como alfabetizar alunos com culturas diferentes, língua completamente desconhecida e que não compreendiam nenhuma palavra em português. A solução encontrada foi começar a descobrir as palavras da língua Xavante por meio de gestos e mímicas; desse modo o professor aprendia as palavras Xavante e os alunos as portuguesa. Ao término do primeiro ano já havia uma cartilha bilíngüe, que posteriormente foi tendo aprimoramento e aperfeiçoamento com a ajuda dos próprios índios como de outros estudiosos.
Na cultura Xavante a escolarização ocupa um espaço entre as crianças, no qual entre erros e acertos tenta-se estabelecer processos nos quais, a educação formal possa caminhar lado a lado com a educação tradicional, respeitando e preservando o “mundo” da criança, e principalmente valorizando a sua existência.
Sua língua tem como características ser fortes e marcantes. Sua língua materna é chamada de aquém, a’uwen ou akwén, ainda é mantida e transmitida para as novas gerações. Atualmente, também usam a escola para essa vital retransmissão, visto que a escola é um grande meio de socializar. Além da língua materna, quando junto dos não-índios (para interlocução e comunicação), muitos dos Xavantes (exceto mulheres, parte dos idosos e maioria das crianças) falam e entendem bem o português.
Os Xavante (A´uwe =“gente”) - formam com os Xerente (Akwe) do Estado do Tocantins, um conjunto etnolinguístico conhecido na literatura antropológica como Acuen, que fazem parte da família lingüística Jê (tronco Macro-Jê). Os Acuen, também eram identificados como “xacriabá” e “acroá”, no período colonial. Todos esses nomes foram dados por não índios com o objetivo de identificar e destinguir diversos sub-grupos Acuen que se distribuiam num território significante no centro-oeste do Brasil.
            Entre seus rituais e cerimônias o povo Xavante tem o Wai´a: “o segredo dos homens” importante complexo ritual masculino, e que gera mais divisões e intersecções grupais. No wai´a os homens têm acesso e repassam conhecimentos considerados “sobrenaturais”, diretamente relacionados às dicotomias vida/morte, bem/mal, doença/cura; Na cerimonial do Oi´ó, a primeira cerimônia pública em que os meninos pequenos se engajam é a contenda com clavas chamada ói’ó. Dela, os garotos participam desde a época em que já dão conta de portar uma clava e de dirigir-se por conta própria ao ringue de combate até quando estão prontos para serem conduzidos à casa dos solteiros, o que ocorre em algum momento entre os seus sete e dez anos de idade;         
            A Adaba: é a celebração do casamento. A celebração do matrimônio, adaba, se dá depois de o casal haver vivido junto durante um determinado período, a união já sendo estável. A cerimônia em si consiste numa troca solene de alimentos de dois dias de duração, que representa as contribuições do homem e da mulher à união matrimonial; Nominação, na maioria dos casos, esse nomes são “sonhados” por membros da sua linhagem patrilinear. Essa herança será reforçada quando o “menino” passar a ser classificado na categoria de idade dos wapté (pré-iniciado), já que será novamente batizado com outro nome, na grande maioria dos casos, também “sonhado” pelos membros de sua patrilinhagem.
            A pintura Xavante é formada por pontilhados, quadrados, retângulos, traços e xadrezados nas cores vermelhas do urucum, negra do jenipapo e carvão, e, o branco da argila, essas pinturas são geralmente utilizadas quando são realizadas as festas indígenas, como: a dança, a corrida de tora de buriti e outros de costume. No artesanato as confecções de peças são feitas exclusivamente pelos homens, que obedecem a um ritual de caça, coleta, separação, tingimento, corte, amarração, etc, da matéria prima, afim de dar uma forma específica a ela.
            Nosso objetivo com esse trabalho era apresentar um dos inúmeros povos indígenas existentes no Brasil, o povo Xavante, além de tornar conhecida a história desse povo, e não somente a história, mas suas vivências, suas crenças, seus ritos e mitos, dentre outras coisas. Acreditamos que quando tornamos conhecida a história dos povos indígenas, estamos aproximando nossa cultura a deles, e verificando, que muitos aspectos de nossa cultura tem muito a dever aos indígenas.
             Infelizmente em pleno século XXI, ainda nos deparamos com pessoas que desrespeitam os povos indígenas e sua integridade. Talvez por ignorância, talvez por medo do desconhecido, talvez por preconceito mesmo. O fato é que, nós como professores e futuros professores, devemos desmistificar a imagem romântica, ou perigosa que temos dos índios para podermos mostrar sua verdadeira existência e significância aos nossos alunos. Desmistificando essa imagem e, apresentando o “ser índio” as pessoas, podemos acabar com o desrespeito, a violência e as barbáries cometidas contra os índios ao longo desses anos, além disso, podemos compreender e, tentar fazer com que as pessoas compreendam que é preciso respeitar nos povos indígenas com toda sua singularidade.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    * Melchior, Marcelo N; Mestrando em educação-Universidade Católica Dom Bosco: A Criança  Xavante na Historio da Educação Indígena.
               *  http://pib.socioambiental.org/pt


(Trabalho de Cindy Nunes, Ellen Anacleto, Mariana Duarte, Nathália Seibt e Rhayza Grassotti da disciplina Povos indígenas, educação e escola da Faculdade de Educação da UFRGS)